Bom caminho (até 18 maio)

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Bom caminho (até 18 maio)

A cada passagem de um peregrino o senhor Manuel faz três coisas em Ponte de Lima. Carimba o passaporte improvisado, toca o sino da porta da sua loja e grita “bom caminho!”. Vestido com as vestes da gente da terra, ainda pensa se vai votar. “Os políticos não são dignos”, diz. Em poucos momentos esses políticos invadem a ponte mesmo ao lado. São incontáveis. Não havia sino para tocar pelos membros da comitiva socialista que inundam a praça. Chega Pedro Nuno Santos. Chega a campanha. Ainda a meio gás, diga-se, com alguns silêncios, exceção para os tambores. 

“Trumpização” de Montenegro. O perigo de uma AD inspirada na IL. A colagem ao Chega de todas as direitas. Mais tarde, já à mesa do almoço, os fantasmas do passado: Pedro Passos Coelho e a austeridade que a AD nos pode vir a trazer. A campanha faz-se embebida nos temas velhos, no bate boca da política e no apontar o dedo: não há casas, há urgências fechadas e os salários são baixos. Aqui de Ponte de Lima, depois de Viana do Castelo e ainda de Guimarães, o passa-culpas vai para quem está agora do Governo. De lá, do outro lado, o mesmo passa culpas faz ricochete mas também bate (menos) do lado onde se vão sentar depois no Parlamento, diga-se, na direita. 

Para lá das cores e das bandeiras, ouve-se quem vai votar. “Eu não mudei o sentido de voto”, “empresa do Montenegro? Não percebo muito disso”, “isto é só para gastar dinheiro”, vai-se ouvindo. No final de contas, a campanha faz-se (e não se faz sempre?) no bate-boca rápido. Com poucas medidas novas ou pelo menos concretas. “Estou a pensar se vou votar”, repete o senhor Manuel, sentado à espera de mais um peregrino. Se vai votar. “Bom caminho!”, diz-nos.

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